Friday 17 August 2007

Floresta

Entre o terror e a noite caminhei
Não em redor das coisas mas subindo
Através do calor das suas veias
Não em redor das coisas mas morrendo
Transfigurada em tudo quanto amei

Entre o luar e a sombra caminhei
Era ali a minha alma, cada flor
- Cega, secreta e doce como estrelas -
Quando a tocava nela me tornei

E as árvores abriram os seus ramos
Os seus ramos enormes e convexos
E no estranho brilhar dos seus reflexos
Oscilavam sinais, quebrando ecos
Que no silêncio fantástico beijei.

Sophia de Mello Breyner Andersen

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