Friday 11 May 2007

The joke was on me

Hoje sou uma tempestade.
Choro por dentro,
criando furacões,
ciclones e inundações no meu peito.
Choro simplesmente por chorar.
Choro pelos filhos que não sei se terei,
pelos amantes que nunca vou ter,
e pelos que já tive,
pelos países que não vou ver,
pelas experiências que não vou viver.
Choro por tudo.
Choro por nada.
Choro porque me apetece chorar.
Porque chorar limpa a alma por dentro,
naqueles recantos perdidos e bafientos,
que cheiram a mofo,
como os linhos do enxoval que está na arca e nos esquecemos de arejar nos domingos de sol.
Quero chorar até embaciar as lentes dos óculos,
até enferrujar.
Choro porque sofro de amor.
Choro porque não tenho amor.
Choro só porque sim.
Choro lágrimas grandes e redondas como gotas de chuva,
e salgadas como o mar.
Choro em turbilhões convulsivos,
como ondas que rebentam na praia em catadupa,
umas a seguir às outras,
umas por cima das outras,
um choro que não me deixa respirar.
Que não me deixa espaço para sentir.
Não é um choramingar pinguinhas,
como o de um bébé fraldisqueiro que quer colinho,
é uma verdadeira birra,
de bater o pé no chão,
e rolar debaixo da mesa,
e berrar a plenos pulmões,
berrar bem alto que estou a sofrer e que só me apetece chorar.
Não é chorar para pedir ajuda ou atenção.
Não é um choro abafado na almofada,
ou escondido na casa de banho.
Mas é um choro silencioso.
Este choro violento e compulsivo acontece no meu peito,
bem cá dentro de mim.
Porque já não tenho mais lágrimas para derramar.
Porque hoje estou infeliz.
Porque sim.
Porque hoje me apetece chorar.

No comments: